Violência contra a mulher: Números não representam realidade e ações precisam avançar

Frase de Albert Einstein foi projetada e citada pela secretária de Saúde em sua exposição na Câmara | Sóstenes da Silva

O caso protagonizado pelo vereador Cláudio Gottschalk, além de gerar ampla repercussão e mobilização, suscitou uma discussão mais ampla do problema da violência contra a mulher. Ainda na sessão desta semana, quando ele se desculpou diante de um público majoritariamente feminino que lotou o plenário da Câmara Municipal, houve a participação de duas mulheres que atuam em órgãos que trabalham com políticas públicas voltadas às mulheres: a secretária Municipal de Saúde e Assistência Social, Andréia Siqueira Frota, e a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – CONDIM, Liriane Kintschner.

“O mundo é um lugar perigoso de se viver não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer”, parafraseou Albert Einstein a secretária, no início de sua abordagem, na qual relatou o problema da violência contra a mulher no Município. “Nova Petrópolis tem, sim, muitos casos de violência. E a gente não pode fechar olhos para isso”, disse Andreia, que apresentou estatísticas, as quais ponderou que não são um retrato fiel da realidade local, uma vez que muitos casos que chegam até ao conhecimento dos órgãos que trabalham políticas públicas não estão nos registros das Delegacia de Polícia; mesmo assim, servem de base: em 2015, ocorreram 16 casos de violência contra a mulher; em 2016, 11; em 2017, 13; e no ano passado, foram oito registros. “Em 2019 ainda não temos caso registrado, o que não significa que não tenha caso”. A secretária de Saúde falou sobre a estrutura de atendimento e citou várias ações voltadas ao enfrentamento à violência contra a mulher. Por fim, convidou a todos, inclusive o vereador Cláudio Gottschalk, a se integrarem à luta.

A presidente do CONDIM destacou alguns pontos a serem avançados nas políticas públicas voltadas às mulheres. Liriane Kintschner lamenta que Nova Petrópolis não tenha uma Delegacia da Mulher. O fato de Delegacia de Polícia ter duas policiais é visto com positivo no atendimento ao público feminino; porém, diante inexistência de uma delegacia especializada, sugere que o Município dispunha de outro espaço para que a mulher se sinta mais confortável em efetivar uma denúncia de agressão masculina do que na Delegacia de Polícia. A reestruturação da Coordenadoria da Mulher, um órgão governamental de proteção a mulher, é apontado por Liriane como ação prioritária a ser implementada em Nova Petrópolis, porque sem estar devidamente ativa, prejudica até mesmo o trabalho do CONDIM. “Se não existe uma Coordenadoria, não existem efetivamente ações do CONDIM porque o CONDIM é um órgão que não tem verba. Quem recebe verba é a Coordenadoria da Mulher”.