Uma das propostas de mudança apresentada na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287/2016, que trata da reforma previdenciária, é na idade das aposentadorias. Atualmente, os trabalhadores rurais homens têm direito à aposentadoria aos 60 anos e a mulher aos 55. A PEC altera para 65 anos, tanto para homem quanto para mulher. É contra este exemplo, sugerido pela proposta, que o Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Nova Petrópolis e Picada Café foi à Câmara de Vereadores, na noite de ontem, quinta-feira, 9 de fevereiro, pedir apoio para moção de repúdio contra a PEC. “Sabidamente, a mulher, mais uma vez, será a maior penalizada, com 10 anos a mais para receber o seu direito. Serão anos de escassez e estagnação”, afirma o órgão sindical.
O sindicato foi representado pelo vice-presidente, Ari Beutler, que levou dados, embasando o pedido de moção de repúdio. Ele disse que, segundo o IBGE, 78,2% dos homens e 70,2% das mulheres começam a exercer a atividade rural com idade inferior a 15 anos. “Isso significa que a mulher rural trabalha, em média, 41 anos e o homem 46 anos, para alcançar o direito à aposentadoria, no valor de um salário mínimo, considerando a atual regra”, argumenta Ari. O sindicalista ressaltou que se a PEC for aprovada, muitos, provavelmente, não conseguirão alcançar, ao longo de sua vida, o direito à aposentadoria. Além disso, os jovens não se sentirão atraídos a manter sua residência no campo, produzindo alimentos.
A Câmara de Vereadores se colocou favorável à moção, com apoio de todos os vereadores, que demonstraram contrariedade à reforma previdenciária do modo como está. O presidente da Casa, Rodrigo dos Santos, chegou a dizer que o país tem que começar do zero, referindo-se ao caos político instalado nacionalmente. “Precisamos ter vergonha na cara. Eu quero um futuro digno para as pessoas”, expressou. Será protocolada uma moção de repúdio, assinada por todos os vereadores.