Para quem é de origem alemã e cresceu cultivando as tradições de seus antepassados talvez não seja novidade entrar no Parque Aldeia do Imigrante. Mas para quem conhece a trajetória da imigração alemã apenas superficialmente, visitar o atrativo, em Nova Petrópolis, é uma aula de história. Já são 32 anos, desde que o espaço foi inaugurado, em 12 de janeiro de 1985. São 10 hectares, sendo a maior parte de mata nativa. A Aldeia Bávara dá as boas-vindas aos visitantes, com lojas de malhas, artesanato, produtos coloniais e artesanais, sempre valorizando a produção local. É na Aldeia Histórica que o turista observará a representação de como era a vida dos primeiros imigrantes, em forma de museu vivo.
Mas são 32 anos mostrando cenários e atrativos que se repetem. O próprio Executivo admite que as pessoas não querem ver sempre a mesma coisa. Talvez por isso há baixa visitação dos moradores locais. Na tentativa de desenvolver o Parque e torná-lo cada vez mais interessante, do ponto de vista turístico e estrutural, será aberto um processo de licitação, que definirá uma empresa para investir no espaço…
Aldeia Bávara
Ao entrar no Parque Aldeia do Imigrante, o visitante logo encontra opções em comércio. A maioria procura uma lembrança simbólica de Nova Petrópolis para levar até a cidade onde mora. Por isso, os lojistas investem na personalização dos produtos, que marcam o nome do município.
Neumann Estamparia – Rosani Ângela Neumann há 13 anos está no parque, com fabricação própria e familiar. É possível encontrar camisetas, moletons, aventais, bonés, toalhas, lixeiras de carro, canecas. A maioria dos produtos é personalizada com o nome da cidade. Rosani comenta que os produtos mais procurados são os mais baratos, como a lixeira de carro. “Querem levar uma lembrancinha, mas querem levar o mais barato”, afirma.
Lembrança da Oma – Produtos Coloniais – Michele Schell é a proprietária. Os produtos são todos coloniais, de cidades vizinhas, como Ivoti, Caxias do Sul e Gramado. De Nova Petrópolis, a casa tem as chimias. A atração é a loja inteira, porque, segundo Michele, a maioria dos produtos os clientes só vão encontrar ali. A loja é a pioneira em casa de produtos coloniais, em Nova Petrópolis, constituída há dois anos. No parque, a loja existe desde setembro de 2015. Os licores e vinhos do selo Berwian são conhecidos no Buraco do Diabo, em Ivoti. Em Nova Petrópolis, só quem vende é a Lembrança da Oma. A Casa Bucco, que é uma das cachaçarias mais antigas do Sul, também está presente. As pimentas são de um sítio de Gramado. Os biscoitos é uma senhora que faz exclusivamente. Um a novidade é o pinhão em conserva, que é de Santa Maria do Herval.
Loja 14 – Rosemeri Vargas de Andrade está há cinco anos no Parque Aldeia do Imigrante, comercializando bazar, artesanato e confecção. Lurdes Rambo vende lembranças personalizadas, como toalhas, bonés, chaveiros, blusinhas, aventais.
Fotografia à moda antiga – Há 20 anos o Photoarte Studium está no parque transformando o presente em passado. As roupas, acessórios e cenários remontam fotos antigas. Outra opção para os visitantes viverem por alguns instantes o passado de um imigrante alemão é tirar uma foto no Germano Schüür, na Aldeia Histórica.
TrinkiBier – Cervejas Artesanais – Na loja de cervejas artesanais, é possível encontrar todas as variedades da bebida, além de itens para presente. A loja está no parque desde junho de 2015. Todas as cervejas são de origem gaúcha. De Nova Petrópolis, os rótulos são da Traum e da Edelbrau. O proprietário Rodrigo dos Santos, próximo presidente do Legislativo, diz que a preferida dos visitantes é a Pilsen, a mais tradicional.
Amoaras Malhas Artesanais – São malhas artesanais, produzidas em Nova Petrópolis, com bordados. Todas são peças exclusivas. A funcionária da loja Nelza Fenner considera que o movimento não está muito bom para as vendas. “As pessoas continuam viajando, só não estão comprando. Até acho que o movimento está maior do que o do ano passado, mas é outro público. Eles vêm com aquele dinheiro para comer, para fazer alguma coisa diferente, mas comprar não é a prioridade deles”, analisa.
Biergarten
Para degustar uma boa comida, o visitante tem como opção dois espaços culinários. Biergarten reúne pratos de origem alemã, com o quiosque, que tem o Jardim da Cerveja, e também um vasto cardápio de comida alemã. É possível encontrar crepes suíços, linguiça calabresa, massa folhada, além de uma das especialidades, o bolinho de batata. Para acompanhar, não pode faltar um chopp artesanal, bebida oficial da cultura germânica.
Aldeia Histórica
Caminhando pelo parque, entre o ar fresco das árvores e das águas, o visitante percorre um cenário tipicamente germânico, passando pelo cemitério, ferraria, casa do professor, escola, cantina, capela, museu, cooperativa de crédito, casa paroquial e salão de baile.
A Capela do Imigrante é originária da Linha Araripe, construída em 1875, em estilo enxaimel, e funcionou até 1970. É a única no Brasil com torre e nave equipada com sino de bronze. Como é ecumênica, a capela ainda é utilizada para realização de cultos e casamentos de qualquer religião. O casarão que abriga hoje o Museu Histórico Municipal servia como casa do médico e hospital. O prédio conta com peças doadas pela comunidade , que retratam a história política da cidade, dos grupos folclóricos e trajetória da imigração alemã, através de objetos antigos. A Casa do Professor preserva mobiliários antigos e é proveniente de Pinhal Alto. Em muitos casos, o professor só tinha estudo até o 4º ou 5º ano e nem sempre dominava a língua portuguesa. O modelo de escola que está à disposição dos curiosos é original da Linha Temerária. Ela é a escola mais antiga do município e foi construída por imigrantes. Com característica comunitária, este tipo de escola supria a demanda não atendida pelo Estado, no início da colonização. O prédio foi fundado em 1875, funcionou até 1910 e foi reconstruída em 1985.
Na Aldeia, também tem delícias da parte doce da culinária alemã. As cucas, de variados sabores, atraem olhares e o gosto de muitos visitantes. É uma boa opção para levar para casa, para seguir degustando.
Executivo demonstra que número de visitantes aumentou
Conforme a diretora do Departamento de Eventos, Deise Ozekoski, o número de visitantes no parque aumentou no ano passado. Em 2015, entraram no local 130 mil visitantes. Em 2016, o número aumentou para 150 mil. “O que está ao nosso alcance para trazer pessoas para dentro do parque a gente faz e os números demonstram isso”, afirma. Deise comenta que tudo “funciona realmente na parceria”, nem os guias das agências de turismo não ganham comissão do parque, desde 2013.
A diretora e toda a Administração Municipal aguardam o desfecho da concessão do parque. “Que com essa concessão o parque volte a atender a todas as expectativas, tanto dos visitantes como das pessoas que estão aqui dentro”, espera. Ela admite que a maioria dos moradores de Nova Petrópolis não vai ao parque porque em apenas uma visita é possível conhecer tudo.
Lojistas acreditam que concessão vai ajudar a desenvolver o parque
A maioria dos comerciantes que trabalham dentro do Parque Aldeia do Imigrante são favoráveis à concessão. Eles depositam neste formato de parceria toda a expectativa positiva.
“Já tiveram épocas que estava bem melhor o movimento. No começo, quando a gente entrou, era bem diferente. Em épocas de alta temporada, como no inverno e no Natal, o movimento triplica. Quando tem festa aqui dentro, como a Festa da Colônia, o movimento fica bem bom. Essa época de verão é muito ruim, porque a gente sabe que é praia, mas isso é totalmente compreensível. Vai ter agora o Jardim na Serra Gaúcha, mas a maioria fica lá na Praça. Com a concessão do parque, as coisas vão mudar, creio que vai ser uma coisa boa”, afirma Rosani, da Neumann Estamparia. “O parque tem movimento, tem circulação, tem ônibus, mas venda muito pouco. Posso dizer que eu vendo pelo fato de ser comida e bebida. Isso todo mundo compra”, comenta Michele, da Lembrança da Oma. Ela sente falta de mais eventos dentro do parque. “Isso é uma coisa que a gente espera da concessão. A Festa da Colônia é o evento que a gente consegue ter o lucro do ano todo”. Michele acredita que a concessão será algo positivo. Rosemeri, da Loja 14, concorda que o movimento, de dois anos para cá, diminuiu, e acredita que vai ser positiva a concessão do parque. Ela sugere que o local deveria ter mais atrativos para chamar o público, como colocar brinquedos infláveis para crianças ou deixar a entrada livre em algumas situações. Rodrigo dos Santos, da TrinkiBier, avalia que a concessão do parque só irá agregar. Ele opina que com a inciativa privada, as coisas são mais ágeis. Ele acredita que a empresa que vencer irá organizar o atrativo turístico.
Lurdes Rambo considera que o movimento de pessoas tem sido muito fraco e não acredita que o processo de licitação para concessão do parque terá interessados. “Aumentar a entrada e dar comissão para os guias. Aí tudo vai funcionar”, sugere.
Processo licitatório acontece em fevereiro
Em breve, uma nova página será vivida por toda a comunidade “Parque Aldeia do Imigrante”. Com aprovação do Legislativo, no ano passado ficou definido por lei que o espaço será concedido a uma empresa privada, que deverá investir e buscar formas de desenvolver o atrativo. A licitação, em concorrência pública, vai ocorrer no dia 1º de fevereiro, com entrega dos documentos de habilitação, propostas técnica e financeira. O prazo de concessão será de 12 anos, podendo ser prorrogado por igual período. A empresa que vencer a licitação fará a exploração, revitalização, modernização e manutenção do Parque Aldeia do Imigrante, por meio da celebração de contrato de concessão de área pública, incluindo a construção, implantação, conservação, melhoria, gestão e operação, por meio de profissionais especializados nas áreas da cultura, lazer, entretenimento, turismo e empresarial. A concessão será remunerada por meio da exploração do Parque, através da cobrança de ingresso e operação das áreas de comércio, lazer, entretenimento, cultura e de caráter empresarial. Conforme a lei aprovada pelo Legislativo, em junho deste ano, o contrato de concessão deverá prever investimento mínimo de R$ 3 milhões em obras e instalações necessárias à implantação e operação do espaço turístico.