Músico de Nova Petrópolis é ouro pela segunda vez em concurso de piano erudito

Foto: Lauren Krause | Micael começou a estudar música em 2011, com 11 anos

Micael Michaelsen, 16 anos, é o único estudante de Piano Erudito de Nova Petrópolis. Ele esteve, recentemente, em sua segunda participação, no 35º Concurso Latino-americano Rosa Mística, em Curitiba. Em 2015, ele foi pela primeira vez, em inédita participação em uma competição musical, e conseguiu o primeiro lugar de sua categoria, de 14 a 16 anos. Em 2016, para continuar crescendo na caminhada musical, ele conquistou, novamente, o ouro e foi campeão executando a Invenção a Duas Vozes n° 5, de Bach; Cateretê, de Lorenzo Fernandez, e a Polonaise op. 53 (Heroica), de Fredéric Chopin.

O estudante de piano foi o melhor de sua categoria entre dez concorrentes. O amante do erudito não foi só o representante de Nova Petrópolis, mas do Rio Grande do Sul inteiro, em Curitiba. Conforme Micael, em um concurso, o aspirante a pianista não prova sua capacidade apenas para o júri ou para a comunidade musical, mas, principalmente, para si mesmo. “Tu podes ter talento, tocar bonito, mas, quando tu consegues te colocar entre os cinco primeiros de uma competição de renome, já estás bem. E para o currículo é muito bom”, avalia.

O clássico que muitos procuram, mas poucos vão até o fim

Tocar piano pode ser uma prática que se perdeu no tempo. Antigamente, era comum ter um exemplar em casa, tocar no final do dia. Hoje, com a diversidade musical que o mercado propõe aos ouvidos, o que era tradicional e clássico ficou aos cuidados de poucos, que tentam manter a arte do piano. Micael conta que sua professora de piano, Margareth Drechsler, chega a ter fila de espera para novos alunos, mas os que querem ir mais a fundo e estudar sobre o piano erudito se resumem em apenas um. O jovem é o único, em Nova Petrópolis, que segue o conteúdo programático para ter formação na área. “Os demais não estudam piano, estudam peças. Tu aprendes um pouco da técnica; tu vai saber ler uma partitura, mas nunca vai poder seguir carreira, a menos que tu queiras piano popular. Só que se tu queres piano popular, devia estar fazendo aula de teclado, que é o que tu vai precisar”, explica. Os amantes do piano fazem parte de um grupo limitado. “A maioria dos alunos da minha professora são pequenos. Mas, conforme eles vão crescendo, o piano vai se tornando um funil. É difícil encontrar pessoas que tocam o piano erudito, porque querem o piano erudito”, reforça.

Futuro pianista, desde criança amante das teclas eruditas, Micael tem suas referências em Vila Lobos, no Brasil, e Bach, em nível de mundo. Mas o estudante não destaca só o piano. Ele acredita que Nova Petrópolis tem potencial em outros segmentos musicais. “Nós somos muito fortes, temos muitos talentos. Dá para explorar, são junções de artes diferentes. No piano, a maioria das pessoas pensa que a pessoa nasce gênio, que tu simplesmente olha uma partitura uma semana e tá bom. Nem o Beethoven fazia isso. Se ele tinha uma apresentação de uma música que ele escreveu, ele treinava que nem louco. A música é muito legal, porque ela nunca revela o último mistério, por isso que se tu tocar uma música agora e tocar a mesma daqui vinte anos ela vai te dizer algo que não te disse naquele momento. Pode se dizer que hoje o mundo vive uma crise, que não se apreciam mais as coisas boas, mas nunca vai acabar”, considera Micael.

Relação com o piano

Micael Michaelsen começou a estudar música em 2011, com 11 anos. “Em 6 de abril de 2011, no meu aniversário, eu ganhei um teclado do meu avô”, lembra. Com o teclado, Micael despertou para a música e se interessou em fazer aulas com a então recém-formada em Piano Erudito Margareth Drechsler. “Desde muito pequeno, eu gostava de ouvir a música erudita. Eu ganhei um CD de uma professora, que já foi diretora da minha escola, da Nona Sinfonia de Beethoven, que até hoje é a minha composição favorita”, comenta. Mas chegou um momento que o teclado já não era suficiente. De herança do seu avô, Micael ganhou um piano, que veio de Porto Alegre. Foi preciso chamar um afinador para avaliar as condições do instrumento, que estava depreciado pelo tempo. “Ele olhou, fez um estudo e verificou que o piano tinha origem alemã, de 1938, com muito potencial sonoro, até com som bem alto para ser um piano de armário. A reforma demorou meses. Eu mandava um e-mail por semana. Mas, numa tarde, eu cheguei da escola e estava lá o piano. Foi uma confusão para tirar ele do furgão, porque ele é pesado e delicado. Eu pretendo manter ele, mas, se eu fizer carreira, um piano de cauda se faz necessário”, conta.

Micael ainda tem tempo para decidir a qual trajetória profissional vai se dedicar. Aos 16 anos, ele quer se formar no Piano Erudito e estipula isso até 2018. Depois, ele tem a intenção de fazer uma prova, em Conservatório, para ter o certificado dos conhecimentos adquiridos. A carreira musical é um dos sonhos de Micael, mas ele sabe que a caminhada não será fácil e também pensa em outras áreas profissionais. “Irão surgir vários professores de Economia, vários diplomatas, mas é difícil surgir alguém que toque piano erudito bem no Brasil”, comenta Micael. Sendo qual for o seu destino, ele não pretende abandonar o seu piano, nem a música erudita.