Luta contra a reforma da Previdência tenta retomar série de manifestações

Foto: Arquivo | Em 2013, jovens, famílias, empresários, idosos saíram às ruas para protestar contra a corrupção instalada no Brasil

Depois de 29 de junho de 2013, Nova Petrópolis ficou mais quieta. Nesta data, uma manifestação popular percorreu a avenida 15 de Novembro, repudiando a corrupção e as regalias dos políticos brasileiros. O Jornal Nossa Terra divulgou nas páginas 9, 10 e 11 a história daquele dia, na edição de 4 de julho de 2013. Uma nova onda de manifestações se levanta contra a reforma da Previdência, proposta pelo governo de Michel Temer, que altera a idade mínima de aposentadoria. Quase quatro anos depois, o Brasil ainda se vê mergulhado em escândalos. Agora, a pauta é a reforma da Previdência. Movimentos sociais preparam uma série de manifestações pelo Brasil, que começaram na quarta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

O desânimo quatro anos depois

Jean Carlos Beck (Foka) participou da manifestação segurando o cartaz “Queremos mais transparência administrativa”. De lá para cá, ele considera que não mudou muita coisa no cenário político brasileiro, já que a corrupção continua sendo o foco dos escândalos. Sua visão é de que continua havendo “roubalheira”. “O povo baixou a bola, não foi em frente com as manifestações. Foi fogo de palha”, opina Jean.

Tarcísio Brescovit também estava na manifestação e lembra do clima. As polícias do município fizeram a segurança da ação, para evitar confusão, fato que surpreendeu Bresco, que reforça que o protesto foi pacífico. Para ele, não mudou muita coisa. “Até piorou, com a morte do ministro Teori Zavascki”, comenta, em relação às mudanças que ocorreram no Judiciário brasileiro. “O povo só tem uma vez, que é na hora do voto. Mas é preciso fazer alguma coisa, se não eles acham que estamos conformados”, pondera. Se houvesse uma nova manifestação em Nova Petrópolis, ele participaria, porque entende que ficar parado não dá.

Liderança do movimento

Em 2013, um dos jovens líderes da manifestação pacífica foi Rodrigo Tempass, com 18 para 17 anos na época. Ele lembra bem daquele dia e, mesmo que alguns anos tenham passado e que o momento seja outro, o Brasil de hoje ainda não é o ideal. “Não sou partidário e nem defendo nenhum partido. Porém, na época da manifestação, estávamos contra a corrupção. Sempre foi nossa intenção defender o Brasil e não partido ou político. E acredito que isso que fez a grande diferença, brigamos pelo Brasil, contra a roubalheira. Hoje, ainda roubam, mas estão começando a por a casa em ordem. Muito longe do ideal ainda, mas pelo menos estão ajeitando”, analisa Rodrigo.

A favor da reforma da Previdência; contra injustiças sociais

Em 2013, a empresária Sandra de Lio defendia que os salários dos deputados e senadores deveriam ser decididos pelo povo e o fim das regalias. Hoje, ela continua firme em suas bandeiras, mas não se declara contra a reforma da Previdência. Ao contrário. “Acho que ela tem que ser muito mais profunda. Ela tem ir para o setor público. Nós, trabalhadores comuns, geramos divisas, riquezas. O que o setor público gerou? Me chamem para eu ir pra rua para ter igualdade no setor público e privado. Pra ir lá dizer que temos que se aposentar com 55 anos, eu sou totalmente contra”, posiciona. Injustiça social para ela é pagar 32% de imposto nos remédios, por exemplo. Para ela, a proposta de aumentar a idade mínima para se aposentar e o prejuízo que isso causará às trabalhadoras rurais, defendido por movimentos ligados ao campo, não é injusta. “Precisa ter coragem para ir para rua. As pessoas querem privilégios. Ninguém quer se expor para falar as verdades e lutar contra o governo”, argumenta Sandra.

Dia Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência

No Dia Internacional da Mulher, que aconteceu na quarta-feira, 8, diversas manifestações ocorreram em todo o País. No Rio Grande do Sul, uma multidão bloqueou a ponte do Guaíba, na BR-290, em Porto Alegre, reivindicando a reforma da Previdência. Na próxima quarta-feira, 15 de março, a Frente Brasil Popular anunciou que será o Dia Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência. A terceira data de manifestação ainda em março será no dia 31, data do golpe militar de 1964. Neste dia, movimentos sociais terão como pauta a bandeira “Fora, Temer”.