“Eu chorei por cinco dias”, diz pintor que espera por cirurgia

Foto: Lauren Krause | Marcelo espera uma boa notícia na segunda-feira

Marcelo Predebon, 40 anos, é um dos milhares de exemplos espalhados pelo Brasil de que a saúde pública está na UTI, sem prazo para voltar para casa e se recuperar das lesões. O corte é profundo e parece que vai custar para cicatrizar, assim como o caso do pintor, em Nova Petrópolis.

Marcelo não imaginava que ia cair da escada e ter duas pernas fraturadas – joelho esquerdo quebrado e mais quatro pontos afetados. Na terça-feira, 7 de junho, ele subia para o segundo piso da residência que estava pintando, quando a escada se abriu, o pintor se assustou e caiu de uma altura de cerca de quatro metros. Isso foi por volta de 14h. No chão, Marcelo relata que não tinha forças para chamar ajuda. Só depois de cinco minutos, ele estima, conseguiu pedir socorro. O atendimento do Corpo de Bombeiros Voluntários chegou entre 10 e 15 minutos. “A dor era tão intensa que eu não conseguia nem respirar. Quando caí, já senti que tinha quebrado a perna”, lembra.  Quando chegou ao Hospital Nova Petrópolis, a primeira avaliação médica pediu exame de raio x. Segundo o pintor, ele quebrou o joelho esquerdo, teve mais duas fraturas na perna esquerda e duas na direita. Ele aguarda ser encaminhado para cirurgia, em um leito, com mais três pacientes internados.

Ele não consegue ficar sem medicação, porque as dores são muito fortes. Já são onze dias de espera, sem poder sair da cama, apenas com movimentos leves, auxiliado pela namorada Otília Scheibler. Marcelo conta que já recebeu as visitas da secretária de Saúde, Crislei Gerevini, e do prefeito, Régis Luiz Hahn. A cirurgia deverá ser realizada em Gramado. Tudo depende de conseguir que um médico especialista aceite fazer. Mas a transferência ainda envolve disponibilidade de vaga e outros entraves. O prazo dado ao paciente é que na segunda-feira, 20 de junho, haverá uma posição. Enquanto isso, o paciente aguarda, já pensando no tempo que ficará parado, recuperando-se. “Eles acreditam (os médicos) que não haverá sequelas, mas terão que ser feitos dois procedimentos, operações em dias diferentes, porque é arriscado fazer de uma vez só. E depois serão de oito meses a um ano de recuperação”, lamenta.

Segundo Marcelo conta, um dos motivos alegados pelo Executivo sobre a demora de sua transferência é que não é um caso de urgência, mas de média complexidade. “A nossa revolta não é com o hospital, até porque desde que chegamos aqui fomos muito bem tratados. O atendimento é nota 100. Mas enquanto eles brigam lá (refere-se à relação governo e rede hospitalar), a gente sofre aqui”, esclarece.

Os custos da cirurgia, segundo o paciente, será da Prefeitura de Nova Petrópolis e não haveria cobertura pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Eu chorei por cinco dias. E quando eu for para casa, como vai ser? O desespero começa a bater”, relata. Mas os abraços dos familiares confortam e depois de um “vai ficar tudo bem” a fé retorna ao seu lugar.

A reportagem do Jornal Nossa Terra entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura para que se posicionasse, mas a secretária, Crislei Gerevini estava em compromissos externos. Mas uma entrevista ficou agendada para segunda-feira, 20 de junho, para esclarecer melhor a situação.