“Não à Importação de Leite”. “Quem Regula o Mercado do Leite?”. “Governo Faça a sua Parte”. “Importação de Leite Gera Riqueza, Mas Não Aqui”. Essas foram algumas das faixas que cerca de mil produtores de leite levaram para Jaguarão, onde por três horas – das 10h às 13h – desta quinta-feira ocuparam a Ponte Internacional Barão de Mauá, na divisa Brasil com Uruguai. É por ali que entram toneladas de leite em pó do país vizinho. E a suspeita é de que este leite chegue ao Brasil de forma fraudulenta, como apontou o deputado estadual Elton Weber, de Nova Petrópolis, que nesta manhã participou do protesto. Ontem, ele deu uma entrevista ao Nossa Terra e à rádio Inova, na qual demonstrou preocupação com a desvalorização da produção do leite na região e em Nova Petrópolis, onde há bastante produtores.
“Analisando os últimos meses, é possível percebermos um aumento bastante significativo nas importações de leite realizadas de outros países, principalmente do Uruguai”, constatou Weber. O deputado acredita que, como não há pagamento de taxa de exportação para o produto entre os países do MERCOSUL, o leite em pó esteja entrando no Brasil de forma fraudulenta.
“Com a Argentina, há uma cota estabelecida de tantos mil quilos de leite em pó que podem entrar no Brasil. Com o Uruguai; não tem isso. E o que temos percebido nos últimos meses é que deve ter havido triangulação: leite vindo de outros países de fora MERCOSUL subsidiado entrando no nosso país. Este é o principal fator de o mercado estar cheio de produtos lácteos e a nossa produção, que cresceu nos últimos anos, está ficando com o preço muito aquém da necessidade”.
Apenas em 2016, o volume que cruzou a ponte entre Brasil e Uruguai foi suficiente para processar 1,03 bilhão de litros. Antes de iniciarem o deslocamento, os agricultores familiares associados aos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais ligados à FETAG se concentraram em um pavilhão próximo à fronteira. Por volta das 10h o grupo saiu, alheio à chuva, em direção à ponte. E de lá saiu somente às 13h.