Durante muito tempo a ciência acreditou que o colesterol era um fator de risco importante para as doenças cardiovasculares. Estudos divulgados nesse ano, que acompanharam pessoas por mais de dez anos, surpreendem pelos seus resultados, conforme contextualiza o nutrólogo, que atua em Nova Petrópolis, Nataniel Viuniski. Pacientes que tinham colesterol alto e foram medicados com estatinas para baixar o índice não reduziram as chances de ter problemas cardiovasculares. Isso significa que o colesterol não é um marcador isolado. “Hoje, sabemos que quando a pessoa tem colesterol alto ela tem que melhorar uma série de outros fatores de risco, que chamamos de estilo de vida. O colesterol não é vilão solitário”, explica o nutrólogo. A exceção é para pessoas que já tiveram ataque cardíaco e infarto e continuaram com o colesterol alto. Neste caso, é necessário um tratamento especial. Na semana nacional de combate ao colesterol, saiba mais sobre esse aspecto da saúde que está presente na vida de muitos brasileiros.
“Hoje, as estatinas fazem parte da classe de medicamentos mais usada no mundo. É muito difícil uma pessoa com mais de 50 anos sair de um consultório sem ter que tomar uma estatina. É muito comum. O que estamos falando, hoje, diminui o lucro das indústrias farmacêuticas”, alerta o nutrólogo. Isso quer dizer que baixar o colesterol com remédios, sem modificar outros fatores de risco, não será suficiente.
Segundo Nataniel, com base nos dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, nos adultos recomenda-se que o colesterol total no sangue fique entre 180 e 200 mg; para crianças, existe uma tabela, com variantes. Mas o profissional alerta que se uma criança de 10 anos, por exemplo, está com o índice acima de 180 mg estará com o nível de elevado.
O que é?
O colesterol é um tipo de gordura, que circula na corrente sanguínea e é metabolizado pelo próprio organismo. É um tipo de gordura que está ligado às gorduras animais; portanto, os alimentos que contribuem para o aumento do colesterol são carne, leite e os seus derivados, frituras. Além de contribuir para gerar problemas cardiovasculares, que estão entre as doenças que mais matam, o colesterol tem prejuízos ao fígado, em algumas alterações de memória, humor, pressão, agressividade.
O bom e o ruim
O colesterol é uma molécula, um éster produzido pelo fígado, de dois tipos: o HDL, que impede que o colesterol se acumule nas artérias, chamado de bom colesterol; e o LDL, que tem um risco maior de gerar obstruções, considerado o colesterol ruim. O ideal é manter o bom colesterol alto. “O melhor tratamento para aumentar o bom colesterol é a atividade física. Durante o exercício, o organismo aumenta a produção do HDL”, incentiva.
Para prevenir
É necessário observar o desempenho num conjunto de hábitos e atividades, como o sedentarismo, aumento da gordura abdominal, consumo de cigarro. O ômega 3, que é um ácido graxo encontrado principalmente em peixes, tem a propriedade de aumentar o HDL e diminuir o LDL, além de atuar nos triglicerídeos. “É recomendável a ingestão de 1 kg de peixe por mês; 12 kg de peixe por ano, é o que a Organização Mundial da Saúde recomenda. O brasileiro não chega a 9 kg de peixe por ano”, afirma. Outras opções são utilizar suplementos ou ingerir alimentos como nozes, amêndoas, abacate, que também ajudam na prevenção do colesterol. “Sedentarismo, sim, é veneno. Faça, pelo menos, cinco vezes por semana, 30 minutos de atividade física”, aconselha. Não é necessário fazer de uma vez o exercício; ele pode ser acumulado em pequenos tempos durante o dia.
Mito
Somente 1/3 do colesterol vem da dieta; 70% o próprio organismo produz, por fatores genéticos. Isso explica pessoas que são magras e aparentemente saudáveis terem alto índice de colesterol. “Têm pessoas que comem muita fritura, carne gorda, não se cuidam e vão fazer o exame de sangue e está normal. Esse é um primeiro mito que tem que desmistificar”. Por isso, explica o nutrólogo, que o ovo deixou de ser o grande vilão da história, pois o que as pessoas comem têm pouca influência sobre os níveis de colesterol.
Como está o perfil local
O nutrólogo revela que em Nova Petrópolis, pelo que observa, tendo como base seus pacientes, crianças, adolescentes e adultos, em geral, estão com o nível de colesterol acima do ideal. Ele acredita que este quadro está muito à genética da população, que, em grande parte, tem origem alemã, além dos hábitos alimentares de ingerir muita fritura, embutidos, carnes, derivados do leite, que também fazem parte da culinária germânica.