Enid Backes, socióloga de 84 anos e moradora de Nova Petrópolis, classifica o feminismo como uma “luta política”. Ela, que liderou a primeira Coordenadoria Municipal da Mulher no Rio Grande do Sul, defende uma mudança de hábitos culturais e consciência social para que a sociedade se torne mais igualitária entre gêneros e classes.
Apesar de observar alguns hábitos que fortalecem a diferença de direitos de homens e mulheres – como a tradicional família em que apenas as meninas ajudam com os afazeres domésticos – ela considera os jovens de hoje mais engajados.
Ela apoia e considera importante o caso das meninas que protestam para poder usar shorts em um colégio particular de Porto Alegre, por exemplo. “O short em si não importa, sim a consciência de que você tem o direito de usar de acordo com o teu desejo e o outro não tem direito de molestar”, comenta. A socióloga observa que algumas regras são necessárias, mas que é preciso ter entendimento sobre o que elas significam.
Ela também defende a liberação do aborto, por se tratar de uma questão de saúde pública e que desencadeia desigualdades entre as próprias mulheres. “As ricas fazem. As pobres fazem e morrem. Isso é justo?”, questiona.
Enid é mãe de sete filhos, se formou em Sociologia pela UFRGS e entrou no Movimento Feminino pela Anistia em 1972, em plena Ditadura Militar. Sua consciência por igualdade, porém, começou mais cedo, quando ela via a forma como o pai centralizava as decisões do âmbito familiar. “Isso me inconformava; acho que a partir daí eu me tornei feminista”.