João Paulo Viana (PSB), o Ceará, atualmente, é vereador suplente, mas, a partir do ano que vem, assumirá uma cadeira no Legislativo, de forma titular, através dos 562 votos que conquistou. De origem nordestina, o gestor de produção viu na sua infância e parte da adolescência cenas que o motivaram a estudar e a entrar na política. Ele conviveu com a seca e a falta de discernimento de pessoas humildes de sua comunidade e, agora, fala na nova política, como ferramenta de mudança da realidade.
Na eleição passada, Ceará concorreu pela primeira vez e alcançou 322 votos. Ele ficou como segundo suplente da coligação na proporcional, pelo PP. O vereador eleito assumiu por duas vezes uma cadeira. A primeira foi de janeiro a maio de 2013; reassumindo no final de setembro do mesmo ano, quando ficou até maio de 2014. “Consegui colocar algumas ideias sobre uma nova forma de fazer política. Uma política que a gente não consiga ver, depois de uma eleição, bandeiras partidárias. Os eleitos têm que trabalhar para todo mundo, até porque o contribuinte não tem diferenciação no pagamento de imposto”, acredita Ceará.
Mudando a consciência
A campanha eleitoral deste ano foi inédita. Os candidatos tiveram pouco tempo para convencer os eleitores sobre suas propostas e tiveram que apelar para outros recursos, com o propósito de alcançar o maior número de pessoas. “Mas eu acho que a política, de forma geral, está mudando e as pessoas estão mudando a consciência. A política não se faz em uma campanha eleitoral, durante 45 dias ou três meses, como era antes, e, sim, no dia a dia com as pessoas. A base de tudo isso eu creio que seja o respeito e a atenção com as pessoas. Fora isso, tu não vai ter êxito”, considera o vereador eleito. Ceará lembra que o seu partido conseguiu dobrar o número de vereadores e afirma que sua bandeira é a renovação. “Quando a gente fala em renovação, não falamos só no sentido de ser jovem, mas, também, na maneira de fazer a política”, ressalta.
Opinião acima do partido
Ceará está há pouco tempo na política e admite que nunca foi “um agente político de fato”. Mas, quando decidiu concorrer a um cargo eletivo, ele sabia que precisaria de uma sigla. Porém, deixa claro que sua opinião e convicções são superiores ao partido que representa. “Sempre trabalhei junto, nas comunidades, fui envolvido em várias ações sociais. Tu precisas de uma sigla para concorrer, tem toda uma estrutura por trás e isso tu tens que respeitar, mas o que tu defendes tem que estar acima de uma orientação partidária ou de um líder de partido ou político. Tens que defender teus ideais e representar aquelas pessoas que te colocaram lá no poder. Quando tu começas a agir diferente disso vai ter uma resposta negativa nas próximas eleições. Claro que nem tudo que a comunidade quer e precisa consegue ser feito, mas jamais pode ficar de braços cruzados e ser omisso”, contextualiza.
Origem
João Paulo é natural do Ceará, da Caatinga nordestina. Chegou a Nova Petrópolis transferido da Dakota de Maranguape, localizado no estado nordestino. Com vontade de estudar, ele saiu do interior e encontrou emprego na cidade, o seu primeiro com carteira assinada, nos 16 para 17 anos. “Aquilo que as pessoas, muitas vezes, viam na televisão, a falta de água, era lá que eu morava. Acho que a liberdade de uma pessoa não está na posse ou no status, e, sim, na capacidade de aprendizagem e estudo”, acredita.
O vereador lembra-se de histórias que viveu na infância, que causaram nele “uma aversão muito grande à política”. “Alguns meses antes de começar a eleição, mandavam o que a gente chamava de dentistas, mas eram “tiradentes”, porque só tiravam os dentes estragados da população. Aí, na época eleitoral, vinham esses mesmos políticos e ofereciam pontes-móveis, que chamavam de chapa ou dentadura. E quem deu essa dentadura era um herói. Na minha idade, eu achava aquilo o cúmulo. Por que não evitar para que as pessoas não cheguem ao ponto de tirar o dente?”, questiona.
Com o emprego que conseguiu na cidade, João Paulo ajudava sua família e irmãos. “Eu comecei a trabalhar na Dakota. Em 2001, vim para Nova Petrópolis. Posso dizer que é uma cidade de primeiro mundo, a nível de Brasil”, afirma Ceará, depois de conhecer várias cidades brasileiras, além de já ter ido a Argentina e Finlândia, para estudar, em 2013. Ceará é graduado em Gestão de Produção, fez MBA em Gestão Empresarial e, atualmente, faz Administração de Empresas, na Feevale.