“Educação e Cultura” é o último tema dos quatro eixos propostos aos candidatos a prefeito e vice de Nova Petrópolis, nas eleições deste ano. O município já é referência na educação básica, mas é preciso manter os índices e estar atento ao número de alunos que preferem a rede municipal à estadual e, até, à particular. A fila de espera pode se tornar um problema no Ensino Fundamental; apesar da fila zerada na Educação Infantil, os números tendem a subir novamente. Além do método padrão de ensino, ministrado pelas escolas, existe um conteúdo cultural, que precisa ser preservado e repassado às novas gerações. Confira abaixo o que Regis Luiz Hahn e Charles Paetzinger (PP/PDT), Luiz Irineu Schenkel e Jorge Lüdke (PSDB) e Naira Seibt e Inei Koch (PMDB) pretendem fazer nesses dois setores.
Lelo e Charles
Como atender a demanda crescente na educação infantil e Ensino Fundamental?
Lelo: “Para o Fundamental, nós temos uma emenda já destinada para a Augusto Guilherme Gaedicke, que é pra fechar, vai dar quatro salas embaixo, no porão do pavilhão. Tem a ampliação da Lydia Braun, que nós vamos fazer. Normalmente, esses pavilhões são feitos em três etapas. A primeira é a construção da estrutura, com telhado e pintura, já o piso pronto, com a demarcação. A segunda etapa é levantar uma certa altura da parede, com a construção das arquibancadas. E a terceira etapa é a conclusão, com o fechamento e acabamento. O que aconteceu, agora, na nossa administração? Nós pegamos o pavilhão da Luiz Loeser, com a segunda etapa feita e nós concluímos. Agora, nós fomos terminar a da Otto Hoffmann, que também já foi licitada e já tem a empresa, 50% depositado e, depois do pleito, vamos concluir o pavilhão. A Piá já iniciou e a Padre Amstad, certamente, depois do período eleitoral, vai ganhar 50% da emenda destinada. Vamos tentar concluir. Por isso que a gente não pode dizer que nós construímos. Normalmente, fica uma coisa para trás, para a seguinte administração terminar. É muito justo lembrar de todos aqueles que nos antecederam e daqueles que vão vir depois. Se eu não conseguir completar o pavilhão da Amstad, alguém vai concluir. Cada um faz a sua parte e cada um tenta fazer o seu melhor”.
O que precisa ser melhorado na educação?
Lelo: “A falta do número de vagas é algo que preocupa. Então, logo a gente tem que ir atrás. Certamente, a LydiaBraun, que é municipal, nós vamos fazer com recursos próprios”.
Há previsão de construção de mais escolas de educação infantil e fundamental?
Lelo: “Pra gente conseguir recursos do Ministério da Educação, tem que abrir o PAR [Programa de Ações Articuladas], programa onde o município se inscreve. A gente fez isso durante o nosso governo, só que não saiu. A gente foi até o ministério, ligou para o ministro, pediu, mas, infelizmente, não aconteceu. Temos a área, temos o projeto para construir uma escola de Ensino Fundamental ao lado da escola Dona Ignez. Não contemplaram ninguém. Infantil, logo, logo deve ser construída uma na Linha Imperial ou para o lado da Linha Brasil. Área nós temos, está tudo licenciado, é só tocar. A verba a gente vai buscar”.
Charles: “A educação infantil é responsabilidade do município. Não tem como escapar. O bom é que existe a possibilidade de ampliação nas escolas de educação infantil. Hoje, as pessoas estão tirando os seus filhos das escolas estaduais para colocar na rede municipal, pela qualidade do ensino, pela merenda, pelo transporte, do contraturno. Construir uma escola, no primeiro momento, pode parecer que não é tão caro fazer a parte física, mas tu faz o operacional, que são professores, monitores, faxineiras, cozinheiras. Inaugurar é fácil, manter que é o difícil”.
Como manter os bons índices da educação?
Charles: “É de suma importância que se trabalhe em parceria, que os funcionários não vejam o prefeito como um ditador. Na política, não existe o ‘eu fiz’, existe o ‘nós fizemos’. O prefeito não faz nada sozinho. O secretário não faz nada sozinho. A valorização do funcionário público faz com que o atendimento e o trabalho dele rendam mais. E proporcionando a ele melhores condições de trabalho”.
Como manter e ampliar as opções culturais do município?
Charles: “A gente espera que os próximos governantes desfrutem dessa mesma ideia, que foi uma ideia que deu certo, ao ponto que na cultura do nosso município surgiu o Parque Aldeia do Imigrante. A nossa cultura germânica é muito bonita. A cultura vem sendo fomentada, através dos corais, das bandinhas típicas alemãs, dos grupos folclóricos. Gramado, hoje, faz a Festa da Colônia, mas são os nossos colonos desfilando, as nossas bandinhas animando as festividades, os nossos grupos de dança fazendo apresentações artísticas na praça e os nossos corais agradando os ouvidos das pessoas. Não podemos, jamais, deixar que isso se enfraqueça. E não só na cultura germânica. Nós temos uma colônia italiana dentro do município, como temos a parte tradicionalista. Mas a nossa peculiaridade é a cultura germânica”.
Como os segmentos culturais receberão incentivo e atenção do poder público, tendo em vista a mudança na legislação para repasse a entidades?
Charles: “Antes, a gente fazia os convênios através de um projeto de lei. Essa lei, no primeiro momento, vai fazer com que as pessoas se adequem a essa nova realidade. Isso quem quiser ter parceria com a administração pública. Isso é para ter maior controle sobre esses repasses de convênios. Mas não vejo nada de muito alarmante, no momento que a própria Assessoria Jurídica da Prefeitura colocou-se à disposição dessas entidades, para que pudessem tirar as dúvidas, se preparar, encaminhar a parte legal, para continuar firmando os convênios”.
Quais são os seus planos para a cultura?
Charles: “A gente precisa cada vez mais fomentar a cultura e nada melhor do que o Lelo para falar sobre cultura, porque ele acabou inaugurando o Espaço Mais Cultura. É gratificante para nós irmos num culto, domingos de manhã, lá nas Nove Colônias, e ver um coral da localidade, formado por mulheres e homens lá do interior das Nove Colônias, que vêm se apresentar na igreja. Uma bandinha, depois, recebendo para o almoço. Como é gratificante tu ir nas Treze Colônias e ver essa mesma realidade. Hoje, ela já é fortíssima dentro do município, mas, agora, com a vinda desse Espaço Mais Cultura, ela tende a crescer cada vez mais e os grupos se profissionalizarem”.
Lui e Alemão
Como atender a demanda crescente na educação infantil e Ensino Fundamental?
Lui: “Quando eu assumi, assumimos com uma creche, com 60 crianças. Quando nós deixamos o governo, nós deixamos com 720 crianças, mais ou menos, atendidas e mais a escola do Logradouro pronta para 120 crianças, zerando a fila, que era de 90 crianças. Zerava e ainda tinha uma pequena folga. Nós já tínhamos assinado o contrato com o governo para a nova escola, lá no Pinhal Alto, inclusive a primeira parcela já estava depositada na conta da Prefeitura. Nós não tínhamos iniciado a obra, porque queríamos mudar esse projeto, porque esses projetos são feitos pro Nordeste. Tínhamos construído a escola no Logradouro e vimos que isso não era o ideal para Nova Petrópolis, uma cidade fria, com muita neblina e umidade. Tentamos mudar, mas não conseguimos. Para quem fez todas essas obras, com muita tranquilidade, vamos fazer o que precisa ser feito. Inclusive, em nenhum momento concordei, mas isso é uma decisão do atual governo, de alugar aquele galpão lá, que foi transformado numa escola de educação infantil [Escola Construindo o Saber]. Os pais têm reclamado muito, que o ambiente não é bom. Nesse período, o poder público deveria ter construído mais uma para atender essa demanda”.
O que precisa ser melhorado na educação?
Lui: “A educação precisa, cada vez mais, melhorar a estrutura, os profissionais precisam ser valorizados, treinados, precisam continuar a fazer os cursos, se atualizar, mas, principalmente, otimizar, para fazer mais com o mesmo dinheiro. A educação tem sido uma das que entra governo, sai governo e ela sempre tem sido uma das prioridades. Precisa de melhorias em todas as escolas. A gente não tem visto reformas, ampliações. Precisamos nos preocupar, também, com o turno inverso. Aonde ficam as crianças? De manhã estão na escola. Mas e de tarde? Nós temos um projeto, o Além da Escola, com atividades, com oficinas, tempo para fazer o tema e outro período para aula de música, ter um tempo para brincar, porque a criança precisa brincar. Nós não temos estrutura para implementar isso 100% logo e precisamos, principalmente, atender àquelas crianças que querem participar das oficinas e não têm onde ficar. Outra questão que nós temos que resolver é o fechamento das escolas de educação infantil durante 30 dias. Isso não é possível. Não adianta nós querermos pagar um valor por criança, se os pais não têm com quem deixar. Nós temos outro projeto, que foi implantado na Picada Café, não é um projeto completamente gratuito, mas com a cobrança de uma taxa, que é o Férias em Boa Companhia”.
Há previsão de construção de mais escolas de educação infantil e fundamental?
Lui: “Sim. Deveria ter sido construída, pelo menos, uma nesse novo governo. Vamos otimizar os recursos do município, fazer gestão e vai sobrar dinheiro. A arrecadação e o orçamento do município não caiu, continua alto. Por que não se conseguiu mais? Não se comprou carro, ônibus, não se construiu escola, não se ampliou, não se reformou. Alguma coisa está errada”.
Como manter os bons índices da educação?
Lui: “É a qualidade da educação. Se nós fomos premiados em diversas áreas é porque o atual governo, o meu governo fez, mas é uma questão que vem vindo lá detrás. E isso precisa continuar. Isso é, principalmente, a satisfação do professor, do funcionário da escola. E o aluno precisa ir na escola e ter a concepção de que ele precisa ir lá, não só para tirar nota boa, mas para saber, para ser inteligente, para ser melhor”.
Como manter e ampliar as opções culturais do município?
Lui: “Isso tem que vir da base. Nesse projeto Além da Escola, nós precisamos, também, trabalhar lá a questão da cultura, da música, da dança, o canto. Inclusive, a matéria de turismo vai ser retomada. Vamos ter que ensinar já lá na base a importância do turismo e como trabalhar o turismo. Como nós queremos retomar o turismo com força, vamos vincular a cultura com o turismo”.
Como os segmentos culturais receberão incentivo e atenção do poder público, tendo em vista a mudança na legislação para repasse a entidades?
Lui: “Vamos montar uma estrutura para fazer os projetos, para fazer captação de recursos. Não pode, simplesmente, a entidade estar atrelada àquela verbinha que a Prefeitura repassa. Temos que nos adequar à lei. Eu até acho que vai ser prorrogada mais uns meses. As entidades não têm estrutura para fazer isso. Então, temos que montar essa estrutura para ajudar as entidades culturais a poder fazer os convênios com o município. Tem tantas leis que nós podemos buscar recursos nas empresas, que podem abater no imposto”.
Quais são os seus planos para a cultura?
Lui: “Começar a trabalhar a questão da cultura lá na escola, desde a criança e, inclusive, fazer com o que o nosso ponto forte do turismo seja a cultura”.
Naira e Inei
Como atender a demanda crescente na educação infantil e Ensino Fundamental?
Naira: “Tem que ser estudadas alternativas viáveis, junto à comunidade. Há pouco tempo, foi alugado um espaço. Eu vejo que daqui a pouco isso vai ter que acontecer. Ou construir novos prédios. Mas assim como entram alunos, saem alunos. Não adianta, agora, dizer que vou fazer tantas escolas. Não! Tudo tem que ser planejado. Temos que pensar em ações a curto, médio e longo prazo. Temos que mais ou menos saber o número de quantas crianças nascem por ano, quantas saem da pré-escola e vão pro jardim. Todo esse acompanhamento, porque aí tu consegue tomar decisões”.
O que precisa ser melhorado na educação?
Naira: “A educação parte sempre da qualificação permanente dos professores. O professor é a referência para a criança. E, também, sempre se preocupar com a estrutura física, para que não tenha risco de acidente, de qualquer problema de saúde”.
Há previsão de construção de mais escolas de educação infantil e fundamental?
Naira: “Tem que ser feita uma análise das reais necessidades de criar novas escolas. Como agora foi zerada [a fila na Educação Infantil], provavelmente, daqui um tempo, vão ter algumas vagas, mas vão surgir, também, mais crianças. Isso tem que ter um estudo permanente. Não pode esperar acumular. Dentro da Secretaria de Educação e Cultura, isso já tem que estar como um projeto prioritário”.
Como manter os bons índices da educação?
Naira: “Cada vez qualificando mais os professores, eles são a base de tudo. Tem que ter professores engajados, apaixonados. Ser professor é um dom e quando nós temos pessoas com esse dom temos que valorizar. Eles que dão a primeira educação para os nossos filhos na escola. A educação vem de casa, mas o ensino são os professores que dão”.
Como manter e ampliar as opções culturais do município?
Naira: “Uma das coisas que a gente quer fazer é cada vez mais a valorização do nosso museu. Ele tem que ser sempre cuidado, tem que ser, realmente, um atrativo turístico. E tudo que a gente puder trazer de novidade, respeitando a nossa cultura germânica, isso tem que acontecer. Temos que respeitar a nossa história. Temos que nos preocupar com as nossas bandinhas. Queremos criar uma escola de ofícios para manter e disseminar as tradições e cultura, como de cucas e outras receitas alemãs. A gente está vendo que, muitas vezes, a nossa gastronomia está ficando de lado. Quem vem de fora, muitas vezes, quer comer uma cuca diferente. Também trabalhos em madeira, que é uma coisa muito forte da origem alemã, pintura bauern e oficinas de paisagismo. No nosso município, temos tantas pessoas qualificadas nessas áreas. Então, nós temos que começar a trabalhar o nosso jovem para o futuro, para que isso tenha continuidade”.
Como os segmentos culturais receberão incentivo e atenção do poder público, tendo em vista a mudança na legislação para repasse a entidades?
Naira: “Pelo momento difícil que o Brasil está vivendo, no geral, acabam vindo algumas leis, que proíbem os municípios de repassarem valores. É um assunto que eu vejo muito importante, mas que tu tem que fazer estudos, também, em cima disso, de impacto financeiro e estudar possibilidades de repasse. Algumas entidades mereceriam muito mais, pela sua importância dentro do município, e que, talvez, não possa ser feito. Tem que ter, dentro da Prefeitura, pessoas muito qualificadas, na busca de recursos”.
Quais são os seus planos para a cultura?
Naira: “Isso nós temos que valorizar cada vez mais. As pessoas têm que sentir orgulho disso que elas fazem. Temos que ter orgulho das nossas características, de sermos o Jardim da Serra Gaúcha. A cultura está, naturalmente, dentro de tudo que tu vai fazer, nas ações como prefeito. Em qualquer evento que tu vai no interior sempre tem alguém se apresentando. É o momento, também, de união das comunidades”.
Inei: “Incentivar cada vez mais, tanto o CTG, os piquetes que existem na cidade, grupos de dança, corais, bandinhas. É essa cultura que o município vende para o turista que vem de fora”.