Combate ao borrachudo deve envolver comunidade e Prefeitura

Foto: Divulgação | O borrachudo é adaptado a arroios que sofreram interferência humana e tolera níveis de poluição da água em que outras espécies não sobreviveriam

Com as altas temperaturas e o verão se aproximando, alguns insetos indesejáveis no convívio humano surgem em maior quantidade. O mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, zika vírus e da febre chikungunya, é motivo de alerta, já que não apenas pica, mas pode transmitir doenças. Outro mosquitinho, que existe, principalmente, na zona rural de Nova Petrópolis, tem sido encontrado em grande quantidade. O borrachudo é adaptado a arroios que sofreram interferência humana e tolera níveis de poluição da água em que outras espécies não sobreviveriam. A Prefeitura pretende orientar a população, através de encontros ou visitas técnicas, e aumentar a fiscalização nas propriedades rurais e imóveis urbanos.
Esses bichinhos têm preferência por sangue humano. Conforme explica o fiscal da Vigilância Sanitária e Ambiental em Saúde, Rafael Aguiar Altreiter, a proliferação deste inseto, que causa reclamações em diversas regiões do Estado, deve-se à degradação ambiental. “Nos períodos mais quentes do ano, o metabolismo dos insetos é mais rápido e, por isso, percebemos um aumento na proliferação do borrachudo”, informa.

Equipes de combate

Atualmente, Nova Petrópolis conta com quatro pessoas, em duas equipes, que realizam visitas periódicas nos arroios e aplicam o larvicida Bti nas águas que apresentam condições para o recebimento do produto. As equipes contam com material e veículos necessários para que consigam verificar os mais de 250 km de arroios e riachos que o município possui. As aplicações ocorrem num intervalo de 15 dias cada para que haja a quebra do ciclo de reprodução do borrachudo.

Atacando o problema

A comunidade será orientada, através de encontros ou visitas técnicas, sobre as formas de diminuir a população dos simulídeos. Rafael afirma que a fiscalização vai aumentar nas propriedades rurais a fim de verificar a situação existente, assim como em imóveis urbanos, que contaminam os arroios, através de ligações clandestinas nos coletores pluviais, e desaguam nos riachos. O fiscal ressalta que não existe a possibilidade de acabar com todos os borrachudos, mas, sim, de reduzir sua população em um nível tolerável. “Para isso, é preciso atacar o problema de frente. Não é só aplicando o larvicida nos arroios ou distribuindo o produto para a população, mas, sim, envolvendo e conscientizando toda a comunidade da necessidade da recuperação do meio ambiente, pois, quando a natureza está em equilíbrio, não há superpopulação destes insetos”, explica. A utilização do larvicida Bti é de, aproximadamente, 400 litros/ano, e deve ser complementar às ações de manejo ambiental, e não a principal forma de combater o borrachudo.

Como a comunidade pode ajudar

Os moradores podem diminuir a incidência do borrachudo:
– Adequando áreas de potreiro;
– Evitando que os animais defequem próximo ao curso da água;
– Recuperando a mata ciliar em suas propriedades, aumentando, assim, as áreas de sombra sobre o arroio e servindo como uma cortina verde para o inseto, impedindo-o de voar mais longe em busca de alimento.
– Podem também adequar práticas de produção, em especial quanto ao tratamento dos dejetos, oriundos da criação de animais, que, muitas vezes, acabam atingindo o leito da água;
– Devem adequar os sistemas hidrossanitários das casas;
– Devem realizar manejo de açude, através da instalação de duas saídas, com vazões intercaladas, pois estes também despejam material orgânico nos arroios, contribuindo para a proliferação dos borrachudos.
– Os produtores rurais também devem ter uma atenção especial na hora de utilizar os agrotóxicos, pois, quando estes chegam aos meios hídricos, eliminam peixes e invertebrados, muitos dos quais são predadores naturais do borrachudo.