Na data em que Nova Petrópolis completa 64 anos, dois atos marcaram o dia 28 de fevereiro de 2019. Próximo ao meio-dia, ocorreu um protesto no entorno da Praça das Flores, nos mesmos moldes da caminhada que ocorreu no dia 21 de janeiro, quando servidores da Secretaria Municipal de Saúde protestaram contra decisões da Administração Municipal de Nova Petrópolis que os afetam. No final do dia, antes da primeira noite de shows contratados pela Administração Municipal para marcar as festividades de aniversário, ocorreu um ato solene, com pronunciamentos de autoridades, entre as quais o vice-prefeito Charles Paetzinger, que enalteceu o nome da cidade, dizendo que Nova Petrópolis é o sonho de consumo: “Não perdemos para ninguém”.
Representando o prefeito Régis Luiz Hahn, que está em viagem à Brasília, Paetzinger, demonstrou todo o seu orgulho com Nova Petrópolis, ao destacar que município oferece uma “educação de 1ª classe”, com escolas onde os alunos são tratados desde a manhã até a noite, “e muito bem tratados”; o nível cultural de seu povo, que faz despertar inveja em prefeitos de municípios do entorno, citando que as flores que são plantadas nos canteiros da cidade “morrem de velhas” sem que alguém as arranque; e o trabalho realizado pelos antepassados até os dias atuais para que Nova Petrópolis alcançasse esta condição. Mas, o vice-prefeito foi além, num discurso longo e de exacerbado orgulho por Nova Petrópolis.
Charles Paetzinger reconheceu a importância de empreendedores não nativos da cidade que estão contribuindo para fazer a cidade “mais top” e que, numa viagem de férias à terra da tribo indígena que todos os anos participa do Festival Internacional de Folclore de Nova Petrópolis, Coroa Vermelha/BA, ele e sua esposa Sandra Daniele Fernandes foram tratados “como rei e rainha”, tamanha a gratidão dos familiares dos indígenas a Nova Petrópolis pela receptividade aos representantes da tribo que participam do festival. Sem citar o nome de Gramado, disse que Nova Petrópolis não perde em nada para ninguém. E, por fim, também sem mencionar a quem dirigia a crítica, acusou de fazer “picuinhas” ao potencializar problemas considerados por ele pequenos. “Fazem alarde por caso de buraco na estrada”, disse, em tom firme e alto de voz, como na época em que se manifestava na tribuna da Câmara ou liderava protesto como vereador de oposição no primeiro mandato de Lelo. Hoje, porém, como governo, não se referiu ao protesto dos servidores públicos.
A manifestação no dia do aniversário de Nova Petrópolis, que envolveu de 35 a 40 pessoas, entre servidores da Saúde e também usuários, conforme a liderança do movimento, foi motivada pelo sentimento de humilhação e perseguição que os profissionais estão sendo vítimas. O objetivo foi claro: pedir a saída da secretária Andréia Siqueira Frota da Secretária Municipal de Saúde Nova Petrópolis. Assim como no protesto realizado em janeiro, os servidores da Saúde utilizaram faixas e cartazes para demonstrar seu descontentamento. Já são dois meses de impasse entre servidores e Administração Municipal, que em 26 de dezembro, através de uma ordem de serviço, proibiu o uso de veículos públicos para o transporte dos profissionais até as Unidades Básicas de Saúde, além de determinar que o registro do ponto passasse a ser feito nas UBs e não mais na Secretaria de Saúde, no Centro. Somente um mês após a publicação das novas normas os servidores conseguiram uma reunião, em 23 de janeiro, com a Administração Municipal, mas o caso não evoluiu. Passou-se mais um mês, e a reclamação da falta de diálogo persiste. “Ninguém (da Administração Municipal) apareceu no protesto. É esse o valor que dão aos servidores”, concluiu a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Nova Petrópolis, Goreti Lenz.